A mudança para Israel

Olá a todos. Meu nome é Ayelet, sou brasileira e me mudei para Israel em final de 2013. Já havia feito uma visita de férias em 2008 e me apaixonei pelo país. Me senti em casa. E não senti saudades do Brasil. Nunca imaginei isso.  Em 2012, também nas férias, trouxe meus pais para conhecer essa terra. Desde então, lembrando a sugestão de um amigo, comecei a considerar a possibilidade de morar aqui. Depois de uma série de processos que envolveram diversas fases, inclusive emocionais, onde alguns me chamaram de “louca de vir pra cá”, “você está indo pro inferno” ou “vai sentar num barril de pólvora”, resolvi ignorar tudo isso solenemente e me atirei no vazio, sem qualquer promessa ou garantia. Apenas um coração cheio de fé e esperança em recomeçar a vida do zero. Quem me conhecia bem, sabia que eu não estava brincando, que eu ia fazer mesmo. E assim, cheguei, cá estou. E mesmo tendo estado aqui  antes, apenas de visita, somente quando cheguei pra morar é que vi o quanto o ocidental é ignorante em relação ao Oriente Médio. E me incluí nesta lista. Muitas lendas, boatos e inúmeros mitos, povoam a mente ocidental. Muito dessa responsabilidade cabe à imprensa internacional, que divulga só o que vende. Por ser a única fonte de informações, as pessoas acabam comprando a história que é apresentada. Uma pena, pois isso gera muitos preconceitos da parte de quem nunca teve a oportunidade de sair do seu país e conhecer a coisa in loco. Pretendo, com esta coluna, desfazer muitos desses mitos que colocaram na cabeça de vocês (inclusive na minha) e convidá-los a viajar comigo por este maravilhoso país que é Israel.
Israel é um país multicultural, mas não é como no Brasil, que mesmo sendo multicultural, não se vê todos os dias, como aqui, representantes de vários países do mundo. Israel é habitado por populações diversas, a começar pela população árabe, que compõe 30% dos oito milhões de habitantes e cujo idioma é, ao lado do hebraico, oficial do país. A população russa também é enorme (devido a uma grande imigração que se deu há 20 anos atrás), se não me engano, por volta de um milhão, seguida pela etíope. Para quem não sabe, os etíopes são os descendentes do Rei Salomão com a Rainha de Sabá. Assim, o governo israelense resgatou-os numa operação chamada Êxodo, para a qual a companhia aérea El Al, disponibilizou TODOS os seus aviões, trazendo para Israel milhares de etíopes. Não há um dia que não passo, sem que veja pessoas, não somente destas três nacionalidades, mas hindus, filipinos, coreanos, ingleses, franceses (muitos), espanhóis, todos os latino-americanos (nós, brasileiros, inclusive), iranianos, sírios, turcos, chineses, poloneses, canadenses, japoneses, drusos, cubanos, romenos, libaneses, enfim, vários, em um dia de passeio. Estes são os que moram aqui. E nem falei nos turistas. A tolerância e a liberdade religiosa é total, em Israel. É o único país do Oriente Médio onde isso é possível. Há um profundo respeito e união entre todos os cultos. Todos aqui têm absoluta liberdade de professar sua fé, seja ela qual for. Em Jerusalém, se vê uma mesquita ao lado de uma igreja católica, onde se tem a inesquecível experiência de ouvir o cântico das orações árabes mesclado ao som dos coros de fiéis do catolicismo entoados na igreja. Algo muito bonito, que não há como, realmente, não se sentir em um local exótico, mágico e sagrado. Ah! Aproveitando a deixa, não, aqui não andamos de burka, somente as árabes mais religiosas a utilizam. Há diferentes graus de religiosidade, de acordo com a roupa, embora isso não mude muito no caso do islamismo. Para quem não sabe, burka é a vestimenta que as árabes usam para cobrir-se da cabeça aos pés deixando somente os olhos de fora. Às vezes, nem isso. No caso da religião judaica e católica, os mais religiosos também se cobrem, mas em estilos diferentes, dependendo do grau de religiosidade. De resto, as pessoas se vestem tal e qual no Brasil. Difícil imaginar,né? Pois é. Normal. Com exceção dos trajes usados pelos religiosos, o traje usual de banho, na praia e piscina, é o maiô e o biquíni.
Grande parte dos turistas se compõe de europeus, principalmente italianos e alemães. De uns anos pra cá também têm vindo muitos evangélicos do Brasil. Realmente, é no mínimo emocionante você passar pelos mesmos lugares mencionados na Bíblia, sendo impossível não imaginar as passagens ocorridas, o modo de vida daquela época, é como se fosse uma viagem no tempo. Ao lado de toda esta tradição, há o aspecto do crescimento vertiginoso do país em apenas seis décadas, tornando-se referência em desenvolvimento e tecnologia. Das areias e pedras calcárias, emergiu um país cuja população aprendeu que, para existir, era preciso desenvolvimento, em todas as áreas, obtido através do trabalho árduo. Muito desse impulso foi dado pelos russos que aqui chegaram. Além disso, há um fato que faz toda a diferença: a mentalidade coletiva, que gera a unidade. Os judeus são conhecidos, entre outras coisas, por sua forte união, inclusive no cotidiano e nos menores detalhes. E isso realmente é um grande combustível. Na verdade, o principal.
Bem, dei umas pinceladas em algumas das inúmeras características, mas nas próximas semanas cada uma será tratada em separado, ilustradas por situações que vivi ou presenciei, além de fatos e comportamentos dos israelenses ocorridos com amigos meus aqui. Espero que eu possa contribuir um pouco para proporcionar uma visão diferente de Israel, do que normalmente se imagina.
Até a próxima

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