Confusão com peixe grande

Aniversario de Vitória-Campeonato de Pesca

Dia 08 de setembro, foi aniversario de minha terra natal Vitória-ES.

 Não sou barrista, mas minha cidade é uma das mais bonitas do mundo, com suas enseadas e praias, que nos dão a felicidade de ter próximo, coisas magníficas ligadas ao mar. Pois bem, sou um pescador amador apaixonado por pescaria em praia. Neste dia preparei minhas tralhas e resolvi pescar numa das praias de Vitória, especificamente em Camburi. Não havia, em vista dos meus afazeres particulares, reparado que neste dia seria realizado, no local, o campeonato brasileiro de pesca amador e com a maior tranquilidade fui para a dita praia. Ao chegar lá me deparo com centenas de pescadores num espetáculo belíssimo de centenas de varas apenas esperando os peixes aparecerem. Mesmo assim resolvi pescar fora do perímetro do campeonato e fiquei na realidade uns 40 metros da ultima raia oficial. Preparei com muito cuidado as iscas e sem ter a mínima condição de atrapalhar o campeonato joguei a parada de três anzóis naquele marzão maravilhoso. Na realidade, me interessei mais em olhar aquelas centenas de varas para ver qual o mais sortudo e que tipo de peixes estavam pescando. Reparei que apenas pequenos berés estavam nesta relação e um ou outro maior que um palmo. Mesmo assim a alegria era geral e nesta observação tomei um susto quando minha vara deu uma encurvada e ficou dando marradas incríveis. Dei um salto e puxando para a fisgada, percebi que era um verdadeiro monstro. Os pescadores do campeonato começaram a comentar e reparei pelo canto de olho, que estavam todos de olho no meu desempenho. Aquele peixe começou a partir para a direita, exatamente o lado do campeonato e por mais que eu segurava para ficar do lado de fora da competição, não adiantou e sem ter a menor chance de ficar parado comecei a me dirigir para o lado “proibido” e deixei a situação se arranjar. Mas, pouco a pouco fui entrando pelas raias dos concorrentes e fazendo o maior estrago, com quase todos recolhendo suas linhas e torcendo para ver que bicho estava fazendo tanto alarde. Ainda bem que pescador tem este senso de amizade, senão pelo que estava acontecendo no mínimo seria recebido com raiva e xingamento, o que não ocorreu. Aquilo demorou bem uns 15 minutos e quando o peixe estava bem próximo e já chegando à areia correram com o fincador (vara grande com um anzol enorme na ponta) para me ajudar a puxar o dito. Na ultima hora reparamos que se tratava de uma arraia enorme e pedi para não utilizarem o fincador que machucaria ela, talvez gravemente, e eu sempre solto arraia que pego por se tratar de um peixe maravilhoso e que traz ao pescador uma sensação maravilhosa de força e luta que nos deixa com a adrenalina a mil. Pegaram então com puçás enormes pela lateral da mesma e conseguiram a duras penas trazê-la para a areia. Os outros pescadores que vieram correndo ver, acharam que eu já tinha ganhado o campeonato e quando souberam que era apenas um penetra ficaram mais tranquilos. Pesamos este belo espécime e com seus 22 quilos deu o que falar. Dei a entender que não entrava em campeonatos porque era sempre assim, um peixe grande atrás de outro. Cai na risada e fui com alguns deles levando a arraia para a água e todo mundo de olho nela. Quando ela sumiu entre as ondas só se via pescador atirando suas iscas na direção que ela partiu e acho que deu a maior confusão de linhas da história deste campeonato. Agradeci a ajuda dos novos amigos e desejei aos mesmos, sorte. Fui para o meu canto e com medo de atrapalhar de novo aquele tão badalado campeonato, me retirei tranquilo e com a alma lavada, e com um sorriso na cara percebi que ainda era o cara. Do pescador campeão, digo pescador sortudo Deomar Bittencourt.

Sobre o autor:

Dr. Deomar Bittencourt, atuou como professor de Parasitologia na FAFABES por trinta anos. Atualmente, se dedica às análises técnica e laboratorial no laboratório que leva o seu nome e é referência na Grande Vitória.

 
 
 
 

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