Cerca de 70% dos felinos de pelagem totalmente branca apresentam surdez congênita. Veterinária especializada em medicina felina e oncologia fala sobre as probabilidades e explica como identificar a deficiência auditiva nos gatos
Se você é gateiro, certamente já deve ter ouvido falar que os felinos de pelagem branca possuem deficiência auditiva. No entanto, para muitos ainda resta a dúvida se essa informação é comprovadamente verídica ou se não passa de um mito. Mas saiba que a ciência explica!
A médica veterinária especializada em medicina felina e oncologia Erica Baffa relata que a surdez congênita em gatos brancos tem fundamento genético e afeta cerca de 70% dos felinos com esse tipo de pelagem. “A presença do alelo dominante W produzirá um felino totalmente branco e com grande chance de nascer surdo. Estudos garantem que a probabilidade de gatos brancos terem surdez é de 65% a 85% quando com dois olhos azuis; de 30% a 40% com heterocromia, no qual um olho é azul e o outro é de cor diferente; e de 17% a 22% sem olhos azuis. Os felinos de pelo longo têm ainda maior incidência de olhos azuis e surdez que os de pelo curto”, detalha.
Segundo a profissional, o gene W afeta as células do sistema nervoso central, responsáveis pela proliferação das células portadoras da melanina, os melanócitos, que definem a cor do pelo e a audição. “A surdez é causada por uma degeneração da cóclea no ouvido interno, podendo ser unilateral ou bilateral. Gatos que têm somente um olho azul, por exemplo, apresentam uma probabilidade maior de terem surdez congênita apenas de um ouvido, o do mesmo lado que o olho azul”, pontua Baffa.
Erica diz que o diagnóstico da surdez felina é inicialmente realizado por meio de exame clínico, inspeção das orelhas e condutos auditivos, bem como da análise da história clínica e comportamento do gato. Posteriormente, realiza-se um teste chamado auditivo evocado de tronco encefálico (BAER), que consiste na colocação de eletrodos na pele, para medir a atividade elétrica no cérebro e ouvido.
A veterinária, porém, revela que há alguns sinais que podem acender o alerta para o tutor do animal antes de encaminhá-lo ao consultório para o diagnóstico. “Não reagir a sons e estímulos sonoros quando é chamado, não perceber a chegada do tutor, não se incomodar com determinados barulhos e ter maior sensibilidade a cheiros e temperaturas indicam que o problema auditivo pode estar presente”, alerta Erica Baffa.