Muitos pais me perguntam a real necessidade de uma criança se submeter a um processo de psicoterapia. Digo que da mesma forma que a psicoterapia pode ser favorável a um adulto, também pode ser para uma criança. Assim como os adultos passam por sofrimentos emocionais, transtornos e diferentes possibilidades de quadros comportamentais indesejáveis, a criança também passa pelo mesmo processo.
A diferença da psicoterapia com adultos para a com crianças está na fala. O adulto verbaliza o que sente e pensa, já a criança verbaliza de forma indireta. A fala da criança é o brinquedo e o brincar. O adulto sente e fala, a criança brinca e brinca, joga e joga e desta ação ouvimos suas necessidades. Assim, a psicoterapia de crianças precisa ter técnicas diferenciadas de escuta em relação ao adulto. É preciso decifrar a fala da criança pelo ato de brincar. Já atendi muitas crianças que chegaram a mim após ter passado por outros profissionais da Psicologia que as tinham atendido de forma equivocada, e por isso o processo não evoluiu. Lembro especificamente de uma criança que chegou em minha sala, já foi deitando no divã e ficou quieta. Perguntei para ela qual o porquê dela estar deitada no divã, ela me respondeu que o outro psicólogo pedia para ela deitar no divã e falar, mas ela nunca sabia o que falar. Disse à criança que ela podia sair do divã e escolher qualquer brinquedo e eu estaria ali para brincar do que ela quisesse, dessa forma começamos o processo.
O resultado da psicoterapia infantil tem uma equivalência de eficácia muito superior ao processo com adultos por que trabalhamos com um sujeito que possui pouca idade. Assim são poucos anos para serem trabalhados e numa fase da vida em que ocorre muitas mudanças. Uma criança que passa pela Psicoterapia infantil tende a ser um adulto muito melhor.
Outro elemento importante para a psicoterapia infantil é que nunca iniciamos um processo sem antes saber o motivo. Isto é, não posso já colocar uma criança em psicoterapia sem antes não ter feito uma boa avaliação psicológica, o que chamamos de psicodiagnóstico. Muitos pais queixam-se que os filhos já fizeram terapia por um tempo, mas nunca tiveram retorno do profissional para saber quais os motivos os levaram a psicoterapia. As reais necessidades e o prognóstico do processo, isto é, a expectativa da evolução do quadro.
A psicoterapia infantil também necessita de uma intrínseca parceria dos pais ou responsáveis, pois o psicólogo não consegue adivinhar os reais avanços da criança no processo. Por isso que desde o início, no processo diagnóstico e até a etapa final da psicoterapia, os pais sempre são acionados para que haja percepção da evolução, orientação e trocas de informação. O núcleo sigiloso do espaço terapêutico é garantido e a criança tem preservado seus sigilos, assim também como vão saber dos elementos que forem conversados com os pais. É um processo evoluído de busca de ajuda.
Os pais que tomam a iniciativa de buscarem pela psicoterapia infantil para os filhos dão um longo passo na busca de um processo que pode colaborar e muito para o bem estar da criança e de toda a família. Nesta iniciativa já observamos uma família diferenciada.
Gerson Abarca é Psicólogo psicoterapeuta graduado pela UNESP/SP – 1990. Escritor pela Ed. Paulus. Atua na cidade de Vitória em psicoterapia de base psicanalítica para crianças adolescentes e adultos – CRP 16-598 – (27) 99992-0428 –
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