Por Cleide Moraes – Chef de Cozinha
Existem várias terapias para vários descontroles.
Para mim, a maior e especial é cozinhar, além de ocupar a mente em preparações saborosas. Todos os sentidos estão ligados.
Quem cozinha se ausenta do seu eu e incorpora o cozinheiro.
O que você cozinha varia de panelas, temperos e ingredientes e o cardápio.
o entanto, a postura é a mesma. Concentração na hora dos cortes dos produtos é fundamental, é como uma contemplação.
Quem cozinha se antecipa com os olhos o sabor da boca.
Entra cru, sai cozido, assado ou marinado.
Combinar água com fogo, esses elementos contribuem para que sua mente e olfato fiquem atentos, pelo cheiro que se conhece o ponto da comida.
A organização e ritmo na perícia dos instrumentos a serem usados é fundamental, permeando a sensação do prazer.
A água secando o arroz em cima do fogo. É isso que produz o relaxamento, ocupando-se de pequenas coisas, já sabidas e vividas é que levarão a um resultado agradável. Trabalhar os vegetais na preparação é uma forma de contemplação, quem cozinha antecipa nos olhos o prazer da boca.
Esse aprendizado interior na cozinha pode alimentar a calma em outras situações.
De vez em quando ser abençoado com uma inspiração criativa que torna a receita especial.
As mãos e os olhos conversam. O estilo pode variar, como as panelas e os temperos, mas a postura e os movimentos são os mesmos.
Concentração profunda na hpra de contar alguma coisa. Intimidade total com a altura do fogo. Enquanto o corpo se devota à parte material do caso, indo de lá para cá, cortando, lavando pegando temperos, a mente se atém aqui e agora.
Fazer comida inclui uma pequena lição de desapego. Cozinar é referenciar a impermanência. Tudo é feito da melhor maneira para agradar a boca e depois desaparecer dentro dela. A cozinha estará sempre lá.
Vamos cozinhar e organizar o nosso misterioso cérebro. Se você encontrar outra terapia melhor que cozinhar estará perdendo o melhor da festa. Bom apetite.