Giedre Ezer Maia, conselheira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/ES), explica sobre os riscos de rachaduras e umidade na alvenaria
Com o início do verão, começa também a temporada de fortes chuvas ocasionadas pelo calor intenso da estação. O fenômeno pode causar alagamentos, rompimento de barragens e até desmoronamentos. Só em novembro, o clima agitado resultou em mais de 600 pessoas desabrigadas e quatro mortos. Antes de recomeçar e cuidar das casas, a arquiteta e conselheira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU/ES), Giedre Ezer Maia, explica que é preciso estar atento aos sinais que a estrutura dá de que há algo errado.
“As casas dão sinais quando há algo de errado acontecendo, como a ocorrência de rachaduras. As pessoas devem observar se estas rachaduras estão aumentando com o passar dos dias, se estão ficando mais largas, principalmente na diagonal. Nestes casos, a Defesa Civil deve ser acionada para realizar o acompanhamento”, orienta Giedre.
Agora, se o morador ouvir estalos na casa é preciso abandonar a residência imediatamente. “O estalo é o último aviso antes do desmoronamento, é o colapso da estrutura”, avisa a arquiteta. Giedre destaca, inclusive, que a própria Defesa Civil interdita os imóveis quando há risco de desmoronamento da edificação ou em seu entorno. O ideal é que se evite construir em áreas de riscos, por exemplo, próximos a córregos, rios e encostas, diz.
Umidade e infiltração
Outros problemas que aparecem junto com as chuvas são as manchas de mofo causadas por umidade e infiltração. Mais do que uma questão estética, esse problema pode causar complicações respiratórias. “Doenças como sinusite, asma e rinite, em sua grande parte são oriundas de problemas na edificação. O que acontece é que parte desses problemas respiratórios são impacto do cheiro e do tempo de exposição à essas patologias que a casa apresenta”.
Recorrer ao cloro para retirada das manchas é apenas uma solução paliativa e visual, visto que não trata a raiz do problema, a infiltração. Este cuidado deve ser feito por meio da correta impermeabilização das lajes e paredes. A recomendação da arquiteta é que o impermeabilizante seja aplicado em demãos cruzadas (em sentidos diferentes), sempre respeitando as orientações dos fabricantes, no caso das lajes ainda faz-se necessário a utilização de manta asfáltica, impermeabilização correta dos telhados e seus componentes.
“É importante também que a inclinação da laje e telhados esteja com o direcionamento adequado, a fim de que a água das chuvas escorra até às calhas, evitando a formação de acúmulo de água e poças. Outro cuidado com as lajes é a observação do correto dimensionamento das calhas para suportar o volume de chuvas”, ressalta.
Se a intenção é reformar a casa para o final de ano e corrigir as infiltrações após as intensas chuvas de novembro, a conselheira do CAU explica que o passo a passo ideal é que toda a pintura e reboco da parede úmida sejam retirados a uma altura mínima de 50 centímetros acima da marca da umidade, para selar adequadamente os pontos de infiltrações. “Também é importante que se coloque aditivo impermeabilizante no reboco”, destaca.