Pescaria Incrível
Eu estava com uma vara pequena na mão e na outra, uma grande, ou seja, para grandes peixes estava no “fincador esperando apenas a batida”. Por causa deste vento da tarde, Jacaraipe tem sido muito procurada por velejadores de várias modalidades de pranchas, o surf normal, stand up novidade muito usada atualmente, windsurf o tal de surf a vela, e uma nova atração que esta se tornando um perigo de vida em nossa praia: o tal de parapente ou paraquedas com motor. Pois bem, eu estava tranquilo até quando se aproximavam dois parapentes dando seu show irresponsável de “tirar fininho na praia” e próximo a água. Fiquei preocupado com a aproximação destes irresponsáveis e percebi que um deles vinha por cima d’água bem na direção de minhas varas. Abaixei a pequena que estava na mão e a outra que estava armada, que era a grande e não dava para eu mexer nela. Fiquei fazendo gestos para o debiloide, mas parece que ele não percebia que uma vara na beira de praia, no mínimo, tinha linha enfiada na água. Dito e feito, só vi quando a vara entortou e a linha começou a zunir saindo do molinete e para piorar, quebrou o fincador de alumínio e saiu pela areia afora. Coloquei a pequena a no fincador e corri para segurar a outra já com o molinete todo enfiado na areia e como deixo à engrenagem mais liberada a linha estava zunindo na saída. Quando peguei a vara o nylon estava tão rápido que quase decepou meu dedo, aí o sangue começo a fluir, mas mesmo assim segurei à dita e comecei a me preocupar quando a parada (anzóis e chumbo) subissem e agarrassem na perna do pesudopiloto que estava que nem doido tentando tirar o nylon de suas pernas. A sorte dele é que quando o chumbo começo a subir da água ele conseguiu se livrar da linha, tudo acabou. Comecei a recolher a linha que estava quase no final do molinete e com o dedo ainda pingando sangue fui até a água, lavei o molinete e finalmente relaxei. A adrenalina tinha chegado a mil.
Já pesquei cobra, jacaré, onça, tudo que é tipo de peixe, já pesquei para extraterrestre, mas pescar um aviador num parapente foi a primeira e espero última vez. É necessário que exista uma fiscalização mais rigorosa porque afinal de contas, mais cedo ou mais tarde, do jeito que estão pilotando, vai acontecer um acidente com morte em nossas praias.
Claro que depois desisti de pescar e com o dedo latejando fui para casa levando minhas tralhas e preocupado com o que podia ter acontecido se os anzóis agarrassem a perna daquele piloto.
Do pescador do duplo anzol, Deomar Bittencourt
Sobre o autor:
Dr. Deomar Bittencourt, atuou como professor de Parasitologia na FAFABES por trinta anos. Atualmente, se dedica às análises técnica e laboratorial no laboratório que leva o seu nome e é referência na Grande Vitória.