Oncologia veterinária

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O câncer é a proliferação desordenada de células de qualquer tecido do organismo

O aumento considerável na incidência das neoplasias (proliferação celular desordenada) pode ser consequência da longevidade do animal; da alimentação; aplicação de anticoncepcionais e substâncias radioativas (medicações) na pele; exposição ao sol; aumento da poluição; cigarro; processos inflamatórios crônicos, entre outras causas. 
Atualmente, o câncer é uma das principais causas de óbito em cães e gatos, especialmente quando descobertos tardiamente. A doença pode acometer todas as idades e raças, porém é mais comum em cães e gatos idosos (acima sete anos). Infelizmente muitas pessoas associam o câncer à morte ou eutanásia do animal.
 
Os animais com doenças oncológicas não sofrem apenas com o tumor e a sua localização. Eles também padecem com várias afecções subjacentes, as síndromes paraneoplásicas, que são alterações induzidas pelo tumor que provocam efeitos sistêmicos significativos, desde uma redução da condição corporal geral do paciente, anorexia, apatia, entre outros. A caquéxia é a síndrome paraneoplásica mais comum, juntamente com a dor. 

Metástase

Os sinais clínicos de um animal com câncer variam muito, de acordo com o tipo de tumor. No caso do osteossarcoma (tumor ósseo), por exemplo, a fratura de um osso pode estar ligada a um tumor, causando osteolise (reabsorção tendo modificação nas estruturas ósseas). Isso pode levar ao edema do membro, claudicação e dor intensa.
No caso dos linfomas (tumor nos gânglios), são observados aumentos dos linfonodos (atuam na defesa do organismo humano e produzem anticorpos), podendo ser de um ou mais gânglios. Inicialmente, o animal apresenta perda de apetite, apatia e emagrecimento progressivo, embora em desenvolvimento.
O diagnóstico mais preciso é feito através da retirada do nódulo. Este material é enviado ao patologista que realiza uma biópsia. Os exames de raio X, ultrassonografia auxiliam para verificar a extensão do tumor e órgãos acometidos. Exames de sangue apontam a gravidade sistêmica. A punção do nódulo por agulha fina (CAAF) muitas vezes também auxilia no diagnóstico, mesmo este não sendo preciso como a biópsia. A tomografia computadorizada, e ressonância são de suma importância principalmente no auxílio pré-cirúrgico.
O tratamento, dependendo do tipo de tumor, e do seu estágio de evolução, pode ser cirúrgico e/ou medicamentoso. A cirurgia, acompanhada por quimioterapia, são os tratamentos mais empregados na oncologia, para o controle das neoplasias ou até a cura delas.

Quimioterapia

Nódulo Nasal: Carcinoma

A radioterapia é utilizada em tumores não responsivos à quimioterapia, principalmente tumores ósseos. A criocirurgia é outra terapia que pode ser usada para alguns tumores cutâneos como hemagiossarcomas, carcinomas e tumores de extremidades. A eletroquimioterapia é uma nova alternativa, feita durante a cirurgia, com procedimento quimioterápico intravenoso e o auxílio de um eletrodo aplicado diretamente na área retirada ou no módulo. Isso potencializa o efeito da químio no local.
 
O diagnóstico precoce é muito importante na tentativa de cura e/ou aumento e melhora na sobrevida animal. É muito importante que o responsável fique atento às alterações comportamentais, como prostração, dificuldade de locomoção, dores, falta de apetite, e clínicas, entre elas vômito, perda de peso, mesmo o animal se alimentando bem, aparecimento de nódulo (caroço) no corpo do animal ou linfonodos reagentes (aumentados) e feridas inflamatórias que não cicatrizam.
O prognóstico vai depender do tipo e localização da neoplasia. No diagnóstico, quanto mais precoce e preciso, melhor será a conduta da escolha do tratamento neoplásico, tentando assim a cura ou o controle, oferecendo uma melhor sobrevida ao animal, que, assim como os humanos, pode ser acometido em qualquer fase da vida.
Hoje existem recursos, medicações e tratamentos que são feitos, para tentar a cura ou o controle das neoplasias oferecendo uma melhor qualidade de vida ao animal, dentro das circunstâncias que ele apresenta. O câncer não deve ser associado à eutanásia!

Roberta Buteri Valentim – CRMV: 01478-ES
Especialista em Oncologia Veterinária
Climev Jardim Camburi

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