Foto: Prefeitura Municipal de Itaguaçu
Origem Evolutiva dos Topônimos Capixabas – Parte 10
Nesta nova coluna chegamos a décima edição da série “Origem Evolutiva dos Topônimos Capixabas, sempre trazendo uma frase extraída do hino oficial de cada um dos municípios, exceto aqueles que não têm.
ICONHA
(O orgulho deste povo é ser feliz neste lugar)
No decorrer dos séculos XIX e XX, Iconha e Piúma alternaram sua denominação, assim como ocorreu com Colatina e Linhares.
Na segunda metade dos anos 1800, o pequeno “Povoado de Iconha”, pertencia ao município de Benevente, atual Anchieta. Com a edição da Lei Provincial nº 14, de 4/5/1883, passou a integrar a “Freguesia de Piúma”, ainda em Benevente. E lá continuou quando de sua elevação a categoria de Vila, “Vila de Piúma”, conforme o Decreto Estadual, de 2/1/1891.
No final do primeiro quartil do século XX, com a edição da Lei Estadual nº 1.428, de 3/7/1924 foi elevado à categoria de “Município de Iconha” e a localidade de Piúma passou a ser seu distrito, só desmembrado em 1963.
A toponímia municipal Iconha deriva do Tupi y-cõia, que significa: “rios unidos”, “rio duplo”, ou “Serra ligada à outra” (Carvalho, pág. 44). Também pode ser uma corruptela de Iqué-o-ã, contraído em Iqu’-o-ã, que significa “lados empinados”. De ique, “lado”, “costa”, o, reciproco, para exprimir as duas margens, ã, “empinar” (ALMEIDA, João Mendes. “Diccionario Geographico da Província de São Paulo”. 1902. pág. 110).
Há outras explicações (suposições):
a) “a de que o padre José de Anchieta, que era espanhol, ao visitar o “Frade e a Freira” teria colocado o nome de icono, que em seu idioma pátrio significa “montanhas com aspecto humano”, a toda a região entre Anchieta e Rio Novo do Sul.
(b) a de que os índios davam o nome de inconho a um morro ligado a outro. Visto que a cidade se localiza entre morros.
(c) Outra suposição é a de que os índios que viviam entre Piúma e Iconha denominavam a região de icoon, que era o fenômeno da turfa (um tipo de vegetação que fica abaixo do solo), do Vale do Orobó, pegar fogo e fazer a água das várzeas esquentar (CAPRINI, Aldieris Braz Amorim, et ali. Nosso Município: Iconha. IHGI, Iconha-ES. 2004. pág. 27/28).
IRUPI
(Terra amada, pátrio ninho)
O “Arraial Fazenda da Cachoeirinha” por volta de 1867 integrava o município de Vitória. O qual com a criação do município de Rio Pardo, atual Iúna (c. 1890), para lá foi transferido e passou a ser denominado de “Povoado Cachoeirinha do Rio Pardo”.
Com o crescimento populacional e a edição do Ato Municipal, de 28/12/1903 foi elevado à categoria de distrito com nova denominação: “Distrito de Cachoeira”. Topônimo este alterado para “Distrito de Irupi”, de acordo com o Decreto-Lei nº 15.177, de 31/12/1943.
Com a vigência da Lei Estadual nº 4.520, de 15/1/1991 seu território foi desmembrado e elevado à categoria de município, mantendo o nome anterior, ou seja, “Município de Irupi”.
O topônimo Irupi, derivado do Tupi, tem três significações bem distintas:
(a) a primeira que a palavra Tupi eirub-y significa: “rio do enxame de abelhas” (CARVALHO, J. W. Emery de. Topônimos e Epônimos capixabas. IHGES. 1999. pág. 49).
(b) e as outras duas significam: “amigo belo” e “águas branquinhas pequenas” (IBGE Alteração Administrativa/Toponímica).
ITAGUAÇU
No alvorecer da década de 1860, no município de Afonso Cláudio, havia o “Povoado de Santa Joana”. Elevado à categoria de distrito pela Lei Municipal nº 1, de 16/3/1891, quando passou a se chamar “Distrito de Boa Família”.
Com a edição da Lei Estadual nº 978, de 28/11/1914 houve o desmembramento do território do distrito para que fosse elevado à categoria de vila, a “Vila de Boa Família”.
Já a elevação à categoria de “Município de Itaguaçu” aconteceu quando da edição da Lei Estadual nº 1.307, de 30/12/1921. A palavra Itaguaçu derivada do Tupi ita-guaçu, que significa: “penedo”, “rochedo”, “pedra grande”, “pedra furada que serve de âncora às embarcações” (CARVALHO, pág. 45).
ITAPEMIRIM
(Com tanto esplendor)
O antigo “Arraial de Nossa Senhora do Patrocínio”, por volta do ano 1539, pertencia ao imenso município de Vitória.
Com a edição Carta Régia, de 1771 foi elevado a categoria de freguesia, “Freguesia de Nossa Senhora do Patrocínio”, agora integrando o município de Guarapari, criado desde 1679.
Com a edição do Alvará Régio, de 27/7/1813, a denominação foi alterada para “Freguesia de Itapemirim”, e com o Alvará Régio, de 27/7/1815 seu território foi desmembrado e elevado à categoria de vila, “Vila de Itapemirim”,passando a ser o sexto município criado no estado do Espirito Santo. Os cinco primeiros foram: Vitória (1545), Guarapari (1679), Benevente, atual Anchieta (1759), Nova Almeida, atual Fundão (1759) e São Mateus (1764).
Há duas versões para o topônimo Itapemirim. Ambas derivadas do Tupi.
A primeira advém de ita-pé-mirim, que significa: “a laje pequena, a lajinha; ou, ainda, como preferem alguns, pequeno caminho de pedra”. De ita-pera, a pedra rasteira, o penedo. De ita, pedra, pé, caminho, mirim, pequeno. Também definida como: pequena pedra achatada, através da junção dos termos ita, “pedra”, peb, “achatado”, e mirim “pequeno” (CARVALHO, J. W. Emery de. “Topônimos e Epônimos capixabas”. IHGES, Vitória-ES. 1999. pág. 24).
A outra versão é que deriva de I-tapera-mirim. Rio das taperas pequenas, espécie de andorinhas (hirundo tapera, Linneaus) muito comuns nas suas margens, ou também tomando tapera por “casa velha”, “abandonada” (ROCHA, Levy. “De Vasco Coutinho aos Contemporâneos”. Vitória. 1977).
Até a próxima.
Conheça a origem toponímica dos outros municípios capixabas em: https://euamomeubairro.com.br/category/coluna-direito-e-historia-por-gilber-rubim-rangel/