O espaço adaptado para cães foi inaugurado em Jardim Camburi e fica anexo à Praça Nilze Mendes Rangel, próximo à faculdade Estácio.
A comunidade de Jardim Camburi conta com um local exclusivo para o lazer de seus animais: o Pracão, espaço adaptado para cães, localizado junto à Praça Nilze Mendes Rangel.
Os moradores que levam seus cães para frequentar o local acharam a ideia do Pracão sensacional por permitir o treinamento e proporcionar a interação e socialização dos animais.
“Levamos os cães na pracinha e ouvimos reclamações de algumas pessoas que tem crianças. Acredito que os bichos precisem de espaço para conviver. O único lugar que havia para levar nossos animais era na UFES, mas lá é uma área aberta e não tem essa estrutura. Agora, as pessoas não têm motivos para reclamar já que os cães têm um espaço só para eles” (Andressa Galvão, administradora).
“Gostei muito da ideia. Quando trazia meu cão na praça Nilze Mendes eu encontrava problemas. Tem gente que não gosta de cachorro e alguns pais com crianças reclamam. Então achei ótimo o aproveitamento desse espaço que estava ocioso para uso dos cães. É ótimo, porque eles ficam soltos e não incomodam ninguém. Venho sempre com meu filho num momento de lazer” (Rodolfo Tatagiba, dentista).
No entanto, não foram todos os moradores que tiveram uma experiência positiva ao acessar o espaço pela primeira vez. Catarina Izabel M. de Souza, professora aposentada, desaprova a ideia e diz que não retornará ao local. Catarina, tem deficiência física e dificuldades de caminhar e disse que no local não há apoio para permitir que ela possa usar o espaço com seu cão. “A ideia do Pracão é boa, no entanto ainda faltam alguns ajustes para que o espaço funcione perfeitamente. Lá tem cão de todo tamanho e raça, e os grandes pulam na gente. É certo que não vou me equilibrar e cairei! Não gostei da praça porque a minha cadela é pequena e os cães grandes ficam correndo. Ela acaba avançando e eles brigam. É preciso organizar melhor”, reclama.
Quem vai acessar a área destinada aos animais, depara-se com um cartaz da Prefeitura de Vitória com as seguintes orientações para a boa convivência: “é obrigatório o recolhimento das fezes dos animais; não são permitidas cadelas no cio ou pré-cio; a vacinação em dia, contra doenças infecto-contagiosas, é fundamental para a saúde coletiva dos cães; não é permitida a entrada de animais anti-sociais sem coleira; não é permitida a entrada de profissionais para a realização de adestramento de animais sem o acompanhamento dos donos; não é permitido andar de bicicleta ou skate no local; apesar de solto você deve manter vigilância constante sobre o seu animal. Não o perca de vista”. No entanto, não foi verificado a existência de controle de acesso e uso do espaço.
Possíveis riscos em relação à saúde dos cães que frequentam o espaço
O pesquisador do Incaper, doutor em fitopatologia e especialista em fungos, José Aires Ventura, destaca a necessidade de higienização do local e da realização de estudos sobre uma forma eficiente de sanitização da área. Alguns microrganismos (ex.: fungos) e parasitos, têm estruturas de resistência que podem sobreviver no solo e areia, ou seja, uma limpeza superficial não resolve o problema.
“Sob o ponto de vista microbiológico, principalmente no caso de fungos e de parasitas, existe um risco porque o local tem grande concentração de animais que, em alguns casos, podem possuir algum tipo de micose ou infecção. Se não houver um controle de acesso dos animais, esses patógenos contaminam a areia e os animais mais sensíveis podem ser infectados”, informa.
Aires fala que uma importante medida seria o acesso da praça somente para animais saudáveis. Segundo o pesquisador, isso nem sempre é observado pelos donos. Outra forma de prevenção à saúde dos cães seria a limpeza, porque a areia e grama são contaminados ao longo do tempo e os animais, com ou sem ferimentos, ficam vulneráveis, podendo ser infectados. “A temperatura mais elevada que ocorre no solo e areia pode eliminar as formas filamentosas de alguns fungos, no entanto a resistência dos clamidósporos permite que permaneçam durante meses e até anos na areia. Outro ponto que deve ser observado é a entrada de animais com doenças, principalmente as viróticas, que podem ser transmitidos do animal infectado para outros cães”, orienta.