Dietas Low-carb. Para todos? Para quê?


O consumo de frutas, tubérculos, alguns cereais e grãos é importante

Dieta Atkins, Paleolítica (ou Paleo), cetogênica, Dukan… Com certeza você já deve ter ouvido falar em alguma dessas dietas. Elas ganharam grande popularidade no início dos anos 2000 e ainda hoje têm muitos adeptos. Todas elas e mais outras por ai, tem característica de serem “low-carb”, ou seja, possuem baixa quantidade de carboidrato na sua constituição, que variam de quantidades altamente restritivas à aquelas mais brandas.

Existem alguns argumentos teóricos favoráveis a esse tipo de dieta, como por exemplo o aumento do gasto energético, emagrecimento e redução de gordura corporal e a menor secreção de insulina, quando comparados às dietas de baixa quantidade de gordura.  

A dieta “Low-carb” é uma estratégia nutricional que consiste na redução do percentual de carboidrato da dieta. Para entender um pouco sobre a composição de uma dieta, uma breve explicação sobre como funciona: Os nutricionistas usam para prescrições nutricionais a “Referência de ingestão diária (DRI)”, que possui valores adequados de macronutrientes (carboidratos, lipídeos e proteínas) e micronutrientes (vitaminas e minerais) para um indivíduo saudável. A recomendação de carboidratos pela DRI varia de 45 a 65% do total da alimentação diária.

A dieta Low-carb, portanto, consiste no consumo de carboidratos abaixo de 45% do total da alimentação. A estratégia para escolha da composição de carboidratos na dieta varia de acordo com o objetivo ou com a necessidade individual, ou seja, para perda de peso a estratégia nutricional é uma e em casos de doenças como câncer e diabetes, por exemplo, a abordagem vai ser diferente.

O que precisamos entender é que mesmo com a diminuição do carboidrato da dieta, é possível e importante consumir frutas, tubérculos, alguns cereais e grãos sem comprometer a dieta.

Outro aspecto que se destaca entre o estilo de vida Low-carb (como a dieta Paleo, por exemplo) é o consumo restrito de produtos altamente industrializados, farinhas brancas e açúcar refinado. Realço este como o ponto mais positivo dessas dietas. Já estão bem estabelecidos os malefícios causados pela alimentação rica nesses produtos, que são inclusive de muito fácil acesso principalmente pelo preço e pela “praticidade do dia-a-dia”.

Em virtude principalmente das mudanças do estilo de vida e da alimentação humana após a revolução agrícola, adeptos e defensores da dieta Paleo justificam que a alimentação de hoje, totalmente diferente daquela, explicaria o aumento das doenças crônicas, como diabetes do tipo 2, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, etc.

A dieta Paleolítica, que se tornou muito famosa nos últimos anos, se baseia no tipo de alimentação que nossos antepassados consumiam na chamada Era Paleolítica (3 milhões a 10 mil atrás). Acredita-se que nessa época os humanos consumiam primariamente alimentos de origem animal como carnes, peixes e ovos, mas também nozes, frutas e vegetais encontrados na natureza. Além disso, eles não consumiam açúcar, sal, óleos vegetais refinados e álcool, portanto quem segue esse estilo de vida também não inclui esses alimentos na sua rotina alimentar.

Em alguns estudos que compararam dietas low-carb com dietas apenas de baixo valor energético para emagrecimento, encontraram vantagens para redução de peso e de gordura corporal, já em outros estudos a dieta normal com baixa caloria se mostrou melhor que a low-carb para perda de gordura corporal em longo período. Isso tudo evidencia a individualidade do ser humano, ou seja: essa estratégia não funciona igual para todo mundo (quando falamos de perda de peso e de gordura corporal) e para isso existem outras estratégias nutricionais.

Outra vantagem que é discutida na dita Low-carb e Paleo é a diminuição da secreção de insulina. Insulina é um hormônio anabólico, ou seja, quando a insulina é secretada no organismo, induzida principalmente depois de uma refeição, quando o nível de glicose fica mais elevado no sangue, ela inibe a utilização de gordura e estimula o “armazenamento de energia” em forma de gordura. Portanto, uma refeição com maior quantidade de carboidrato aumentaria a concentração de glicose no sangue e logo aumentaria a secreção de insulina levando a um maior armazenamento e a uma menor utilização de gordura pelo organismo.

No entanto, além de não ser o único hormônio responsável por essas ações, nosso organismo lança mão de diversos mecanismos para o controle da insulina e da utilização da gordura como fonte de energia.

Falando ainda sobre mudança alimentar e de estilo de vida, é importante destacar a mudança acentuada no nível de atividade física. Além de a alimentação ter mudado consideravelmente nos últimos anos, a prática de atividades físicas diminuiu muito. Esse também foi um quesito importante no aumento de sobrepeso e obesidade no Brasil e no mundo. Além disso também as doenças crônicas podem ser citadas sendo associadas diretamente a esse estilo de vida como sedentário e de má alimentação.

Por fim, é importante pontuar que a diminuição da ingestão de carboidratos pode sim ser muito benéfica para algumas pessoas com doenças crônicas como diabetes e hipertrigliceridemia, mas para demais pessoas, continuo frisando a importância de um acompanhamento nutricional com um nutricionista com boa formação para que as mudanças trazidas pelas dietas sejam benéficas. 

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