Por Georgia Noronha
O jornal Eu Amo Meu Bairro entrevistou o filósofo Mário Sérgio Cortella, que falou de assuntos como a importância do network empresarial para criar conexões, o cooperativismo para o o alcance de melhores resultados, como agir em relação ao aumento da competitividade e o que é filosofia e sua relação com o empreendedorismo
A crise econômica coopera com os empreendedores no sentido de buscarem soluções para fortalecimento de seus negócios. Desta forma, empresários de diversas regiões buscam soluções para o crescimento de suas empresas e algumas das formas que mais têm se destacado são os eventos de network empresarial e o cooperativismo.
O filósofo Mario Sergio Cortella esteve em Vila Velha para realizar uma palestra, a convite do Sicoob Centro Serrano, onde falou aos associados sobre a necessidade de sair da zona de conforto para conquistar coisas novas.
E m coletiva com a imprensa Mário Sérgio Cortella falou sobre empreendedorismo, cooperativismo, filosofia e network. Confira a entrevista:
EAMB – O senhor vê no cooperativismo uma força que contribui nesse momento de crise?
Cortella – No Sul do Brasil, minha região de origem, o cooperativismo faz com que, mesmo nas turbulências econômicas que se têm, haja a possibilidade de não perecer a vitalidade. Sem a concepção cooperativista haveria uma degradação muito forte das condições econômicas. Aquilo que hoje acontece em outras regiões como no Espírito Santo, que tem um cooperativismo mais estruturado, é exatamente o caminho mais denso para que a gente não perca o folego. As pessoas mais inteligentes são aquelas que entendem o cooperativistmo como uma alternativa absolutamente mais bem sucedida e exitosa para que se escape daquilo que pode ser a penúria, a dificuldade e o tropeço.
EAMB – Qual a importância dos eventos de network empresarial?
Cortella – Os eventos de network que acontecem no Brasil são de extrema importância, pois uma pessoa que está desconectada fica isolada, sozinha, sem possibilidades de proteção. Somos seres gregários, que se juntam. Todas as vezes que você se coloca à parte perde o fôlego. Quem não cria relacionamento fica solto na ilha.
EAMB – que é filosofia e para que serve?
Cortella – A filosofia é um saber, uma indagação sobre os porquês. Sua utilidade é impedir que a gente tenha uma vida irrefletida, robótica, alienada, superficial. Ela não move usina elétrica, não faz com que haja produção de aço a partir de pelotas, não movimenta portas, mas serve para que a gente não execute ações de modo desatento, servil, desligado. Então, ela não serve para tantas coisas, mas para as coisas que ela serve, serve a fundo. No meio profissional, ela serve para impedir que alguém seja apenas o executor de tarefas, ao contrário, que seja o protagonista daquilo que vai fazer. Uma empresa inteligente é aquela que coloca os funcionários na capacidade de serem, também, pessoas conscientes daquilo que fazem. Até algumas décadas se desejavam empregados quase robóticos, não precisava ter criatividade. Aliás, há trinta anos numa entrevista de emprego, eu diria: ou você se dedica a empresa ou você vai estudar. A pergunta de hoje em dia é: você estuda? Se a resposta for negativa terá que estudar. Esse tipo de percepção é para empresas inteligentes.
EAMB – Com o aumento da competitividade no mercado, o que devemos fazer para nos manter na concorrência?
Cortella -Precisamos estar atentos para entender que em algum momento poderá ser preciso alterar o modo de ação. Há situações que você precisa recuar um pouco, para acalmar, aprender, olhar, aproveitar o instante em que há uma retração de negócio, incrementar a Formação Continuada, dar outro ar ao trabalho. Isso é, se preparar para o momento seguinte que provavelmente será mais exuberante. O que não adianta, de fato, é sentar e chorar.
EAMB – O ambiente é determinante para empreender?
Cortella – Para empreender a pessoa depende de algumas coisas no ambiente. Percebemos que todas as vezes que acontece uma crise forte como a que estamos passando no Brasil, há um grande movimento de criatividade. As pessoas buscam, correm atrás, não desistem. No momento da crise algumas pessoas reclamam do mercado, do mundo, enquanto outras buscam vencê-la. Veja o mundo dos negócios como se alterou nos últimos tempos, como tivemos uma mudança forte. Há pessoas que gostam de justificar a própria inação, a sua incapacidade de se mover com o que está em volta dela. Não é para não levar em conta o que está a nossa volta, mas também não podemos ficar aprisionados pelo nosso contexto.