A história do Ritz não pode ser contada com todas as cores de uma história qualquer; é o sonho de um homem, é a concretização do sonho de outros; é a realidade de quem viveu entre suas paredes, Jardins, corredores, se sentiu nas nuvens saboreando sua fantástica comida, circulando pelos aposentos, repletos de cores e obras de arte como se tudo fosse um mundo irreal. Os serviços, silenciosos, sempre prontos para toda e qualquer solicitação por menor que fosse.
Pisar o tapete vermelho de sua entrada era entrar em um mundo de prazer gastronômico. Os seus vinhos sendo tirados de suas famosas adegas e preparados para saboreados nos cristais como em um casamento de muito amor.
Seus quietos jardins foram cúmplices de histórias fantásticas, junto com suas mesas cobertas por toalhas até o chão onde todo o esplendor era natural, como se ali não existisse nada, era e é como uma magia. Você não se livra tão fácilmente, você não passa impunemente por seus corredores, senta no Bar Hemingway, sem imaginar ele próprio tomando seus famosos porres; ou Proust, exigente gourmet, com seus desejos sendo satisfeitos; ou a fantástica Me Chanel, com toda sua elegância e classe, impondo na sua amada Paris o estilo que não desaparecerá nunca. Para Hemingway, Paris e o Ritz eram o próprio sangue que corre em suas veias. Hoje quando penso que nem a Segunda Guerra, nem a invasão de Paris desacelerou o ritmo que existiu e existirá dentro do Ritz, com toda sua magia…
Isso foi o que eu senti circulando por seus corredores, olhando os seus Jardins cobertos de folhas secas neste outono em Paris, ou acariciando suas cortinas, suas cadeiras, e sentindo o calor de um chá servido com petit fours. O perfume que exala dos imensos vasos espalhados pelos salões é como um campo florido na primavera.
Neste outono, no mês de outubro, quando se comemora mais um ano sem Cesar Ritz, homenagem será nada menos que o mesmo cardápio de sua inauguração do ano no ano de 1898, feito pelas mãos mágicas do grande “Chef de Cuisine Escoffier”.
Instalado eternamente na place com seu famoso obelisco feito com canhões capturados por Napoleão. Para mim foi um sonho tornando real e por inteiro. “Paris é uma festa”, e o Ritz é um sonho.