Com uma banca de revista, moradora constrói sua vida no bairro
Com atitude desafiadora, a mãe da moradora Giselia Ferreira da Silva (Zélia), “Dona Nô”, convenceu o esposo, José, a vender seus negócios na Bahia e se mudar para a cidade de São Paulo/SP. O que levou José a experimentar mais uma mudança em sua rotina, iniciando nova vida empreendedora em Jardim Camburi. Sem garantias de que seu sonho seria realizado, José deixou fluir a ideia que surgira de transformar em dinheiro aquilo que estava ao seu alcance, mudando sua vida de forma radical. Percebendo que seu novo projeto não seria fácil, pois a família baiana foi surpreendida pelo plano “Collor” que apreendeu todas as suas economias. José não desistiu e apesar de todas as dificuldades, continuou a busca para realizar o que acreditava que daria certo. Surge a idéia de instalar uma banca de revista, a “Banca da Zélia”, em Jardim Camburi.
Por ser a pessoa da família com mais intimidade com o novo comércio, mesmo o conhecendo somente como consumidora, Zélia foi intimada a gerenciar o negócio. O senhor José trouxe à Vitória dois de seus nove filhos, dentre eles, uma jovem mulher que se sobressairia no bairro e hoje é a dona de uma das bancas mais tradicionais de Jardim Camburi. “Quando começamos com a banca, a padaria ‘Art Pão’ e a unidade de saúde estavam em construção. As ruas não eram calçadas. Haviam, somente, a maternidade Santa Paula, os condomínios Residencial Clube e Viña Del Mar, por perto.”
A sabedoria e conhecimento de empreendedora da Zélia, nos leva a acreditar que ela lê tudo que sua banca comercializa, mas segundo ela, não há tempo para isso. A comerciante cativa as pessoas que passam por sua banca, fazendo grandes amizades. Segundo ela, existe algo que a deixa irritada: “Detesto que me chamem de tia. Chega a me dar urticária. Para mim, tia é grau de parentesco. Quando me chamam de tia eu logo dou uma resposta”, comenta sorrindo.
De tecelã a empreendedora
“Em São Paulo, eu era tecelã e havia uma banca próxima ao meu trabalho. Eu sempre comprava alguns artigos, porém, a revista que eu mais cobiçava era a “Veja” e a dona da banca sempre deixava um exemplar da semana, separado para mim. Prefiro ler ou assistir algo que esteja ligado à política ou romances”, conta a empreendedora.