Um dia para refletir
No dia Internacional da Mulher, muita gente comemora como se fosse um dia festivo. Muita gente ainda não sabe que este dia nasce por conta de um genocídio que ocorreu em uma fábrica têxtil em Nova Iorque nos Estados Unidos.
Em 8 de março de 1857 as operárias fizeram uma greve para reivindicarem a eliminação da jornada de trabalho de 16 horas para 10 horas/dia. Elas foram trancadas dentro da fábrica e 130 mulheres morreram queimadas. Somente em 8 de março de 1975, esta data entra para o calendário internacional, com objetivo de fazer memória deste episódio e manter viva a chama de reivindicações para os direitos da mulher, o principal deles, a igualdade em direitos e dignidade em relação aos homens.
Temos, sim, muito que comemorar neste dia, pois no cenário mundial as mulheres cresceram e foram conquistando seus espaços. Hoje a renda da mulher cresce mais que a dos homens em proporcionalidade; as mulheres estudam mais anos que os homens e das que chegam a nível superior já ganham em torno de 60% do salário dos homens com mesmo nível educacional; já conquistam seus espaços públicos em representações políticas e em vários países já vemos mulheres à frente do executivo.
No entanto, neste dia, não se pode esquecer as muitas conquistas que as mulheres precisam contemplar no hoje e no amanhã. A principal delas é a eliminação da violência contra a mulher: 12% das queixas no 180 da central de atendimento às mulheres no ano de 2016 está relacionado a um tipo de violência; de 3 em cada 5 mulheres já sofreram violência em seus relacionamentos conjugais; ainda assumem a dupla jornada de trabalho, onde são as protagonistas na educação dos filhos; no Brasil 86% já sofreram assédio público, na Tailândia 86%, na Índia 76% e na Inglaterra 75%. Com a ditadura da estética imprimida pela indústria dos cosméticos, tornaram-se escravas de salões de beleza e mais recentemente sofrem da angústia da ditadura do corpo sarado e se apegam a dietas enlouquecedoras.
Assim, que neste dia, possamos relembrar a história, celebrar as vitórias, e comprometer-se com os desafios que ainda são muitos para que tenhamos as mulheres em pé de igualdade e dignidade com os homens. Muitos são os homens que lutam juntos por esta causa. Mas esta é uma bandeira das mulheres, e que nenhum homem pode tomar posse.
Ainda verei um Brasil onde as representações políticas sejam proporcionais ao quantitativo equivalente de cada sexo. Hoje, se assim fosse, teríamos mais mulheres no congresso nacional, e com isso, o equilíbrio das forças, dos olhares e das decisões. Um país com a participação das mulheres nas instâncias de decisão é um país melhor. País este, que ainda é uma utopia.
Sou eternamente grato pelo vigor, afetuosidade, determinação e suavidade de minha esposa Maria Celina. Com ela sou um homem melhor. Pois ela é uma mulher de luta pelos seus direitos e sempre esteve unida à muitas mulheres na busca por seus direitos.
*Gerson Abarca é Psicólogo psicoterapeuta graduado pela UNESP/SP – 1990. Escritor pela Ed. Paulus. Atua na cidade de Vitória em psicoterapia de base psicanalítica para crianças adolescentes e adultos. Mentor do site: abarcapsicologo.com.br. Mais informações no telefone (27) 99992-0428 e no endereço: Rua Eugênio Neto, 488 – Ed. Praia Office – Sala 1001, Praia do Canto ( Ao lado da Igreja Sta Rita).
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