Nomes antigos das cidades: Cariacica, Castelo, Colatina e Conceição da Barra

Colatina (Foto: divulgação Prefeitura Municipal de Colatina)

Origem Evolutiva dos Topônimos Capixabas – Parte 6

Nesta sexta parte da série onde apresento a origem e a evolução toponímica dos municípios do estado do Espírito Santo, trago a lume a história administrativa/legal de mais quatro destas unidades municipais, sempre colocando a frente dos seus nomes uma frase extraída do hino oficial de cada um eles.

Cariacica

(…É a paixão dos verdes montes…)

Brasão de Cariacica

Na segunda década do século XIX já existia no município de Vitória, o diminuto “Povoado de Cariacica”, que só foi elevado à categoria de freguesia com a edição do Decreto Provincial nº 5, de 16/12/1837, quando passou a se chamar “Freguesia de São João de Cariacica”. Mas, que somente foi instalada alguns anos depois, quando da inauguração da Igreja São João Batista de Cariacica.

Esta localidade, como algumas outras, no alvorecer da república teve o seu território desmembrado e foi elevada à categoria de município, à época, denominado vila. Isto ocorreu com a edição do Decreto Estadual nº 57, de 25/11/1890 quando o seu nome voltou a ser simplesmente Cariacica.

A partir da edição da Lei Estadual nº 9.762, de 22/12/2011, a cidade de Cariacica foi declarada “Capital Estadual da Micro e Pequena Empresa”.

Em sendo o topônimo Cariacica uma palavra do idioma Tupi, há quatro significados para a mesma nas obras de J. W. Emery de CARVALHO, “Topônimos e Epônimos capixabas”. IHGES (1999) e de Teodoro SAMPAIO, “O Tupi na Geografia Nacional”, Cia Ed. Nacional (1987). Vejamos:

(a) Palavra derivada de acari-assyca, que significa: “pedaço de acari” ou “´posta de peixe”. De Acari, “peixe de água doce”, “cascudo”, e assyca, “pedaço”, “´posta” (Carvalho).

(b) O nome pode ter surgido da expressão “Cari-jaci-caá”, utilizada pelos índios para identificar o porto onde desembarcavam os imigrantes. Sua tradução é “chegada do homem branco” (Carvalho, pág. 25).

(c) Há, ainda, o termo carahy que significa espécie de símio (Nyctipithecus vociferans) (Sampaio, pág. 217).

(d) Por fim, a palavra carijó, alteração de cari-yó, por sua vez corruptela de carahyba, tem o mesmo significado que cari-boca, que significa descendente do branco, do europeu (Sampaio, pág. 218).

Castelo

(…És uma flor primaveril!…)

Brasão de Castelo

Nestes quase trezentos anos desde a passagem dos primeiros colonizadores portugueses pela região de Castelo, lá pelos idos 1725, em quase toda sua história manteve o mesmo nome, à exceção de um período aproximado de cinquenta anos.

Aquela época o local se denominava “Missões de Montes Castello”. E Diz à tradição que, o nome é devido ao fato do primeiro povoado ter sido construído junto da montanha granítica do Forno Grande, cuja conformação do pico lembra o de um castelo.

Com o passar dos anos, aproximadamente em 1820, o local pertencia ao imenso município de Guarapari e se denominava “Colônia de Castelo”. Mas lá por volta de 1845, quando pertencia ao então município de Itapemirim teve a denominação alterada para “Aldeamento Imperial Afonsino”.

Com a sua elevação à categoria de distrito, pela Lei Estadual nº 1.887, de 31/7/1891, a denominação toponímica voltou a ser Castelo, agora chamado “Distrito Estação Castelo”. Nesta época seu território pertencia ao município de “São Pedro de Cachoeiro de Itapemirim”, atual “Cachoeiro de Itapemirim”.

Na divisão Territorial Administrativa de 1911 teve o topônimo simplificado para “Distrito de “Castelo”.

Somente com a edição da Lei Estadual nº 1.687, de 25/12/1928, que seu território foi desmembrado de Cachoeiro de Itapemirim e elevado à categoria de município, à época denominado “Vila de Castelo”.

Com a edição da Lei Estadual nº 10.902, de 8/10/2018, a cidade de Castelo foi declarada “Capital Estadual dos Esportes de Aventura”.

Colatina

(…Avante, linda Princesa…)

Bandeira de Colatina

A história do outrora “Arraial da Barra do Santa Maria”, hoje centenária “cidade de Colatina”, carinhosamente conhecida como a “Princesa do Norte” e declarada “Capital Estadual do Polo de Confecções”, pela Lei Estadual 9.786, de 20/1/2012, está intimamente ligada com a de Linhares.

Isto porque o seu território já integrou aquele município, que foi elevado à categoria de freguesia pelo Decreto Provincial de 26/8/1818, e a categoria de vila, pela Resolução do Conselho do Governo de 2/4/1833.

Com a edição da Lei Estadual nº 488, de 2/11/1907, o “Povoado de Colatina” foi elevado à categoria de vila e passou a ser a sede do município de Linhares. Mas, com a nova divisão Territorial Administrativa de 1911, deixou de sê-lo, retornando a sua condição de distrito de Linhares.

O desmembramento do território e a elevação a categoria de vila adveio com a edição da Lei Estadual nº 1.307, de 30/12/1921, passando a ser definitivamente o “Município de Colatina”.

O epônimo é uma homenagem a Sra. “COLATINA Soares de Azevedo” (1864-1945), neta paterna do barão de Paranapanema e esposa de “José de Melo Carvalho MUNIZ FREIRE” [1861-1918], duas vezes presidente do Estado do Espírito Santo [1892-1896 e 1900-1904] e senador da república [1907-1915]. A homenagem feita quando ela ainda era viva, foi possível porque a legislação, à época, não impunha as restrições que conhecemos atualmente a este tipo de honraria.

A título de ilustração registre-se que a palavra Colatina deriva do latim Collatīni, que significa: “habitante da cidade romana de Colatia”, bem como “deusa das colinas” (FARIA, Ernesto (Org.) “Dicionário Escolar Latino-Português”. 3ª ed. MEC. 1962. Pág. 204).

Conceição da Barra

(…Terra de paz que ao bem da guarida…)

Brasão de Conceição da Barra
Bandeira de Conceição da Barra

Conceição da Barra, a “Capital Estadual do Diversidade Folclórica”, assim declarada pela Lei Estadual nº 10.660, de 26/5/2017, e, que no início deste mês bateu o recorde do Guiness Book, com a maior moqueca do mundo servida para mais de 2500 pessoas, nem sempre teve esse topónimo.

O “Núcleo Populacional Barra” teve início poucos anos após a chegada do donatário Vasco Fernandes Coutinho (1490-1561) a capitania do Espírito Santo, em 23/05/1535.

Devido ao aumento populacional, em menos de vinte anos, a localidade teve seu nome alterado para “Povoado Barra do Rio de São Mateus”.

Nova alteração toponímica ocorreu quando da elevação à categoria de freguesia, no município de São Mateus, pelo Decreto Provincial de 11/8/1831, passando a se chamar “Freguesia de “Conceição da Barra de São Mateus”. O mesmo ocorreu por ocasião de sua elevação a categoria de vila, conforme Resolução do Conselho do Governo de 2/4/1833, “Vila da Barra de São Mateus”.

A última alteração na denominação ocorreu com a edição do Decreto Estadual nº 28, de 19/9/1891, e permanece até hoje: “Município de Conceição da Barra”.

A toponímia municipal tem origem no fato de a cidade ficar na foz (barra) do rio São Mateus, e a sua padroeira ser a “Nossa Senhora da Conceição”, estando seu nome ligado a estas duas situações: “Conceição da Barra”.

Com esta última alteração em seu nome, o município deixou de ter um topônimo simples, ligado exclusivamente a geonímia, relacionado diretamente ao rio (Barra de São Mateus), para um hierônimo, ligado a influência religiosa (Conceição da Barra).

Até a próxima.

Conheça a origem toponímica de outros municípios capixabas em: https://euamomeubairro.com.br/category/coluna-direito-e-historia-por-gilber-rubim-rangel/

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