Foto: Divulgação Prefeitura Municipal de Itarana
Origem Evolutiva dos Topônimos Capixabas – Parte 11
As informações relativas à origem dos nomes dos municípios publicadas nesta série, constaram originalmente de uma pesquisa, de minha autoria, publicada em 2019 na Revista do IHGES- Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, intitulada “Toponímia Capixaba: Origem e Evolução” e que agora foram separados em número de quatro municípios para serem replicados de forma capitular neste portal. Também apresenta frases extraídas dos hinos oficiais de cada um dos municípios, exceto aqueles que não têm.
ITARANA
(Sempre alegre e hospitaleira)

No final do século XIX, com a edição da Lei Municipal nº 1, de 16/3/1891, o então “Povoado de Figueira de Santa Joana”, do município de Afonso Cláudio, foi elevado à categoria de distrito, passando a denominar-se “Distrito de Figueira”.
Em 1914, quando da criação do município de Boa Família, atual Itaguaçu, o “Distrito de Figueira” a ele foi incorporado, alterando-se a denominação com a edição do Decreto-Lei Estadual nº 15.177, de 31/12/1943, passando a se chamar “Distrito de Itarana”.
Duas décadas depois se desmembrou e foi elevado à categoria de município, conforme estabeleceu a Lei Estadual nº 1.910, de 13/12/1963, passando a se chamar “Município de Itarana”.
A toponímia municipal deriva do Tupi ita-rana, que significa: “parecido com pedra”, “pedra falsa”. De ita, “o que é duro”, “a pedra”, “o penedo”, “a rocha”, “o seixo”, “o metal em geral”, “o ferro”. E rana, variação fonética de rama, produzindo o sentido de o que será pedra, ou o que ainda não é pedra (FERMINO, F. S. & RODRIGUES, C. Vaz. Toponímia Capixaba: Estudos dos Nomes de Municípios Capixabas de Origem Tupi. In Revista Philologus, Ano 20, N° 58 –, jan./abr.2014, pág. 814).
IÚNA
(Pequenina, mas tem coração gigante)

Por volta de 1814 havia no município de Cachoeiro de Itapemirim o diminuto “Povoado de São Pedro de Alcântara do Rio Prado”, que pouco mais de uma década depois, por volta de 1825, foi transformado no “Aldeamento Imperial do Rio Pardo”.
Com o passar do tempo e o crescimento populacional, foi elevado à categoria de freguesia pelo Decreto Provincial nº 10, de 14/7/1859, agregando em seu nome homenagem ao príncipe Pedro de Alcântara, filho do imperador Dom Pedro I, passando a ser denominado de “Freguesia de São Pedro de Alcântara do Rio Pardo”.
Antes de completar um ano de existência da República, adveio o Decreto Estadual de 24/10/1890 que promoveu o desmembramento territorial da freguesia elevando-a a categoria de vila, “Vila de Rio Pardo”.
A elevação à categoria de município adveio com a edição do Decreto-Lei Estadual nº 15.177, de 31/12/1943, quando a localidade passou a ter a denominação conhecida na atualidade, “Município de Iúna”. Cuja toponímia deriva do Tupi i-una, que significa: “água”, “rio preto”. Podendo designar também, “escuro” (CHIARADIA, Clóvis. Dicionário de palavras brasileiras de origem indígena. 1ª ed. Editora Limiar. São Paulo. 2009. pág. 346).
JAGUARÉ

No final da primeira metade do século XX, por volta de 1946, existia no município de São Mateus o “Povoado da Lagoa do Jaguaré”, que foi elevado à categoria de distrito pela Lei Estadual nº 1.951, de 13/1/1964 e teve sua denominação alterada para “Distrito de Jaguaré”.
Quando da elevação à categoria de município, pela Lei Estadual nº 3.445, de 13/12/1981, manteve o mesmo topônimo: “Município de Jaguaré”.
Há duas versões para a origem do nome do município:
(a) a primeira que deriva da palavra Tupi jaguaré, e significa: “homem cruel”, “homem selvagem (entre os índios Tupinambás)” (J. W. Emery de Carvalho. “Topônimos e Epônimos Capixabas”. IHGES, Vitória-ES .1999. pág. 50); a outra decorre do fato de que
(b) o primeiro nome dado ao lugarejo foi “Lagoa do Jaguaré’”, nome da espécie de capim que contornava a lagoa na época. Depois que a lagoa secou, o local passou a ser chamado somente de Jaguaré (IBGE on line, Jaguaré).
JERÔNIMO MONTEIRO
(De gente pacífica e hospitaleira)

Há quase duzentos anos, por volta de 1823, havia no então imenso município de Alegre, o pequeno “Povoado Cachoeira das Flores”. Aproximadamente em 1830, o pequeno povoado passou a se chamar “Povoado Vala do Souza” ou simplesmente “Sabino Pessoa”.
Ante o crescimento populacional e a edição da Lei Municipal nº 11, de 11/1/1895, ratificada pela Lei Estadual nº 715, de 5/12/1910 foi elevado à categoria de “Distrito Vala do Souza”, ainda no município de Alegre.
No ano seguinte, quando da edição da Lei Estadual nº 774, de 29/12/1911, a sede do distrito foi transferida para o “Povoado de Chrystal”, na estação de Sabino Pessoa.
Já a elevação à categoria de município, adveio com a edição da Lei Estadual nº 777, de 29/12/1953 passando a se chamar “Município Vala do Souza”. Ocorre que menos de dois anos depois, em face do Acórdão na Ação de Representação nº 244 do STF de 4/10/1955, a lei que desmembrou o território e criou o município foi revogada, fazendo com que voltasse a ser distrito de Alegre, porém com o nome de “Distrito de Jerônimo Monteiro”.
Somente passou a categoria de município definitivamente, com a edição da Lei Estadual nº 1.416, de 15/12/1958, passando a ser denominado “Município de Jerônimo Monteiro”.
O epônimo é uma homenagem a “Jerônimo de Souza Monteiro” [1870-1933], advogado, ex-Presidente (atualmente denominado Governador) do estado do Espírito Santo [1908-1912], ex-deputado congressual por dois mandatos (1895-1897, 1913-1915). Assumiu o segundo mandato em 06/1913, na vaga aberta pelo falecimento do seu irmão, deputado Antônio de Souza Monteiro. Renunciou em 03/1915, ao eleger-se deputado geral (1915-1917). Ocupou o cargo de presidente (1913) da Mesa Diretora do Congresso Legislativo Estadual. Era irmão dos deputados congressuais: Antônio de Souza Monteiro, José de Souza Monteiro e Bernardino de Souza Monteiro, que também foi presidente do estado (1916-1920).
Para conhecer a origem toponímica dos outros municípios capixabas até então publicadas, clique aqui: https://bit.ly/3OZhTfD.
Até a próxima semana.