Por Georgia Noronha
Se você tem a sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa, tudo parece vazio, o mundo é visto sem cores, sem matizes de alegria, sente falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa, insônia ou sonolência, falta de apetite ou aumento do apetite com maior interesse por carboidratos e doces, redução do interesse sexual, dores e sintomas físicos, é possível que você esteja lidando com a depressão. Segundo informações do Ministério da Saúde, esses são alguns dos indicativos que caracterizam esse transtorno.
De acordo com estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão situa-se em 4º lugar entre as principais causas de ônus, respondendo por 4,4% dos ônus acarretados por todas as doenças durante a vida. Ocupa 1º lugar quando considerado o tempo vivido com incapacitação ao longo da vida (11,9%). A época comum do aparecimento é o final da 3ª década da vida, mas pode começar em qualquer idade (Fonte: www.gov.br)
A depressão é uma condição mental complexa e muitas vezes incompreendida que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Para entender melhor essa realidade, conversamos com a Psicologa, Elaine Pio, que compartilhou insights valiosos sobre as causas e tratamentos relacionados à depressão.
Causas da depressão
A depressão não tem uma única causa, mas é frequentemente resultado de uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e ambientais. Elaine Pio destaca que predisposições genéticas, desequilíbrios químicos no cérebro, eventos traumáticos e estressores do cotidiano podem desempenhar papéis significativos.
“A depressão não escolhe suas vítimas. Pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sua idade, gênero ou status social”, ressalta a psicóloga. Ela acrescenta que, no âmbito bioquímico cerebral, evidências apontam para a deficiência de substâncias cerebrais, como neurotransmissores, entre eles a Noradrenalina, Serotonina e Dopamina. “Essas substâncias desempenham papéis cruciais na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor, podendo influenciar diretamente no surgimento de quadros depressivos. Além disso, eventos vitais estressantes têm o potencial de desencadear episódios depressivos, especialmente em indivíduos que apresentam uma predisposição genética para a doença. Portanto, a compreensão da depressão como resultado da interação complexa desses diversos fatores é essencial para abordagens mais eficazes no diagnóstico e tratamento dessa condição”.
Sintomas que não podem ser ignorados
Identificar os sintomas da depressão é crucial para buscar ajuda a tempo. Elaine Pio lista alguns sinais comuns, como persistente tristeza, perda de interesse em atividades antes apreciadas, alterações no sono e apetite, fadiga constante e dificuldade de concentração.
“Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, e muitas vezes, são mascarados por outros problemas de saúde. É fundamental prestar atenção aos sinais emocionais e comportamentais”, aconselha Pio.
Tratamentos eficientes e abordagens psicoterapeuticas
O tratamento da depressão é multifacetado e pode incluir psicoterapia, medicamentos antidepressivos e mudanças no estilo de vida. Elaine Pio destaca a importância da psicoterapia, que busca compreender as raízes profundas dos problemas emocionais.
“A psicoterapia oferece um espaço seguro para explorar as emoções e pensamentos, proporcionando uma compreensão mais profunda do eu. Isso é crucial para superar a depressão a longo prazo”, enfatiza a psicóloga.
A importância do apoio social e autocuidado
Elaine Pio destaca a necessidade de um sistema de apoio sólido durante o processo de recuperação. “O suporte de amigos, familiares e profissionais de saúde é essencial. Além disso, práticas regulares de autocuidado, como exercícios físicos, sono adequado e alimentação balanceada, desempenham um papel crucial na gestão da depressão.”
A busca por ajuda é sinal de força, não de fraqueza
É fundamental desmistificar a ideia de que buscar ajuda é um sinal de fraqueza. Elaine Pio enfatiza que reconhecer a necessidade de apoio é um ato de coragem e autoempoderamento.
“A depressão é uma batalha difícil, mas com o apoio adequado, é possível superá-la. A jornada começa com a aceitação de que a busca por ajuda é um passo vital em direção à cura. E, se você ou alguém que você conhece está enfrentando a depressão, lembre-se de que a ajuda está disponível e a recuperação é possível. Consulte um profissional de saúde mental para orientação personalizada e suporte “, conclui a psicanalista.