Origem e evolução dos nomes dos municípios Capixabas

Foto: Divulgação Governo do ES

Parte 1: Afonso Cláudio, Água Doce do Norte e Águia Branca

Nesta coluna mostrarei para vocês a origem e a evolução dos topônimos (designação de um lugar ou de uma região geográfica) de cada um dos 78 municípios, bem como de quatro outros que deixaram de existir no Estado do Espírito Santo, no século XX.

Quinzenalmente listarei, alguns deles. Antes, porém, seguem alguns dados históricos.

Você sabia que a doação da capitania hereditária pelo rei de Portugal e Algarves, Dom João III, apelidado de “O Piedoso”, ao primeiro donatário, Vasco Fernandes Coutinho deu-se por intermédio da Carta Régia datada de 1/7/1534? E, que este documento oficial assinado pelo monarca, com força de lei, é considerado a “certidão de nascimento” do Estado do Espírito Santo?

Sabia que o donatário só desembarcou neste lado do Oceano Atlântico, a bordo da caravela Glória, onze meses depois, precisamente no dia 23 de maio de 1535, um domingo de Pentecostes, dedicado ao Espírito Santo, motivo pelo qual  Vasco Fernandes assim batizou as terras recebidas do reino português? E, que por este motivo todos os anos, nesta mesma data, se comemora o dia da Colonização do solo espírito-santense?

Com o decorrer do tempo a Capitania do Espírito Santo teve outros donatários e voltou a pertencer a Coroa Portuguesa. A partir de 1821 passou a ser denominada de Província do Espírito Santo, e, com o advento da república, em 1889, a denominação foi alterada para Estado do Espírito Santo. Como se vê, durante 500 anos o topônimo  do Estado do Espírito Santo permaneceu inalterado.

Porém, o mesmo não ocorreu com os vários municípios criados nestes cinco séculos.

Cópia de parte do Traslado da Carta régia de Doação da Capitania do Espirito Santo a Vasco Fernandes Coutinho. Arquivo da Biblioteca Real da Ajuda, Lisboa, Portugal, publicado no livro Espírito Santo: Documentos Administrativos e Coloniais. Série Documentos Capixabas. Vol. 2. IJSN. Vitória-ES. 1979. Pág. 13

Vejamos a seguir a origem evolutiva do topônimo de três municípios Capixabas:

AFONSO CLÁUDIO

Afonso Cláudio de Freitas Rosa

Por volta de 1851, a atual cidade de Afonso Cláudio era um pequeno arraial pertencente ao município de Santa Leopoldina, e se chamava “Arraial de São Sebastião do Alto Guandu de Cima”. Nome este alterado para “Povoado de Alto Guandu”, lá pelos idos do ano de 1885. Ante o crescimento populacional foi elevado pela Lei Provincial nº. 24, de 17/9/1888 à categoria de Freguesia, com a denominação de “Guandu de Cima”.

Pelo Decreto Estadual nº 53, de 11/11/1890 foi desmembrado de Santa Leopoldina e elevado à categoria de município. Momento em que se efetivou a homenagem àquele que havia sido desembargador do Tribunal de Justiça e o primeiro governador (1889-1890), então denominado de presidente do Estado do Espírito Santo, AFONSO CLÁUDIO DE FREITAS ROSA [1859-1934], que ainda era vivo, pois a legislação à época não impunha nenhuma restrição, como nos dias atuais. Pelo Decreto Estadual nº 33, de 21/09/1891, a sede do município foi transferida para o “Povoado de Santa Joana”. Porém, poucos meses depois, Decreto Estadual de 18/01/1892, a sede do município voltou para a “vila de Afonso Cláudio”. A última alteração administrativa/toponímica ocorreu quando da edição da Lei Estadual nº 488, de 22/11/1907, que elevou a vila à categoria de cidade.

ÁGUA DOCE DO NORTE

Brasão do município

Lá pelo ano de 1940, a atual cidade de Água Doce do Norte era um pequeno povoado pertencente ao município de Barra de São Francisco, e denominava-se “Povoado de Água Doce”. Com a edição da Lei Estadual nº. 265, de 22/10/1949 foi elevado à categoria de “Distrito de Água Doce”.

Quase quarenta anos depois, por intermédio da Lei Estadual nº 4.066, de 6/5/1988, desmembrou-se de Barra São Francisco e foi elevado a categoria de município, com a atual denominação de “Água Doce do Norte”. Nome este que, de acordo com a tradição vem de um antigo hábito dos moradores de tomar um cafezinho que, de tão ralo, mais parecia água doce. A posição geográfica Norte é porque o município encontra-se nesta parte do Estado.

ÁGUIA BRANCA

Bandeira do município de Águia Branca

Pelos idos de 1925, o então “Povoado de Águia Branca” pertencia ao município de Colatina. Com a edição da Lei Estadual nº 265, de 22/10/1949, foi elevado à categoria “Distrito de Águia Branca”, ainda em Colatina.

Poucos anos depois, conforme a Lei Estadual nº 777, de 29/12/1953, seu território foi transferido para o município de São Domingos do Norte.

Porém, em decorrência do acórdão 244, de 4/10/1955 do STF- Superior Tribunal Federal proferido em uma ação de Representação, a Lei nº 777/1953 foi julgada inconstitucional, o que fez com o “Distrito de Águia Branca” voltasse a pertencer ao município de Colatina.

Uma década depois, com a edição da Lei Estadual nº. 1.837, de 21/2/1963, seu território novamente foi transferido, desta vez para o município de São Gabriel da Palha. Até que em 11/5/1988, através da Lei Estadual nº 4.070 foi elevado à categoria de município.

O topônimo Águia Branca decorre do fato de os primeiros moradores do município terem sido os imigrantes poloneses que, ao chegarem na região, denominaram o lugar com o nome do símbolo que consta do brasão da república da Polônia, ou seja, Orzel Bialy, que em português significa Águia Branca.

Até a próxima coluna onde falarei sobre os topônimos dos municípios de Alegre, Alfredo Chaves, Alto Rio Novo, Anchieta, Apiacá e Aracruz.

Leia também: O que você sabe sobre os Topônimos Capixabas?

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