Origem Evolutiva dos Topônimos Capixabas – Parte 9
Na coluna de hoje chegamos a oitava parte da nossa série, onde já contamos a origem e evolução toponímica de 31 dos 78 municípios deste nosso pequeno grande estado. Sempre trazendo, além da legislação, uma frase extraída do hino oficial de cada um deles, exceto Ibitirama que não tem.
GUARAPARI
(Vá viver a maravilha)
A atual “cidade saúde”, por volta de 1569, era a “Vila dos Jesuítas”. E, alguns anos depois (1590) era chamada de “Aldeia de Nossa Senhora”. Também já se chamou “Aldeia do Rio Verde” ou de “Santa Maria de Guaraparim” (1600).
Passado meio século desde então, em 1650, a denominação passou a ser “Goaraparim”. Até que adveio o Alvará Real, de 11/1/1655, quando o lugarejo foi elevado a categoria de freguesia, e oficialmente se transformou na “Freguesia de Aldeia dos Índios”. Após transcorrer pouco mais de duas décadas, com a edição da Provisão Real de 1/1/1679, foi elevada à categoria de vila, com a toponímia conhecida o até os dias atuais “Vila de Guarapari”.
A elevação a condição de município ocorreu nos primeiros anos da república, com a vigência da Lei Estadual nº 28, de 19/9/1891, passando a conhecida terra das areias monazíticas, a se chamar “Município de Guarapari”.
O topônimo Guarapari deriva do Tupi guará, um tipo de garça e pari, “curral”. Podendo significar: “Curral das garças”. “Armadilha de pegar garças” ou “Bacia onde as garças se reúnem” (de acordo com J W. Emery Carvalho, em seu livro “Topônimos e Epônimos Capixabas”, pág. 39). Também é a denominação de um tipo de ave pelecaniforme (Eudocimus ruber) popularmente conhecida como íbis-escarlate, guará-vermelho, guará-rubro e guará-pitanga.
IBATIBA
(Pequenina mas tem coração gigante)
Aproximadamente na década de 1890 existia em Rio Pardo, denominação atual do munícipio de Iúna, um pequeno povoado chamado, “Povoado Vila do Rosário”. O qual foi elevado à categoria de “Distrito de Rosário” pela nova Divisão Administrativa e Territorial do Estado do Espírito Santo, ocorrida em 1933.
Com a edição do Decreto-Lei nº 15.177, de 31/12/1943, a toponímia foi alterada para “Distrito de Ibatiba”. Finalmente, com a vigência da Lei Estadual nº 3.430, de 7/11/1981, e seu desmembramento de Iúna, passou a ser o “Município de Ibatiba”. Cuja denominação deriva do Tupi ybá-tyba, que significa: “o Frutal”, “o pomar”, “o sítio das frutas” (Carvalho, pág. 271).
Desde a edição da Lei Estadual nº 9.702, de 15/9/2011 o município foi declarado “Capital Estadual do Tropeiro”.
IBIRAÇU
(Lugar no meu coração)
O “Município de Ibiraçu”, cuja toponímia atual é atribuída pelo Decreto-Lei Estadual nº 15.177, de 31/12/1943, deriva da palavra Tupi ybyra-assu, que significa “árvore grande e grossa” (Carvalho, pág. 25), mas em tempos passados teve outras denominações.
As primeiras advêm do núcleo colonial, subordinado administrativamente a Colônia Imperial de Santa Leopoldina, mas territorialmente pertencente ao município de Santa Cruz, atual Aracruz.
Em 1870 se chamava “Núcleo Colonial de Santa Cruz”; em 1875, “Núcleo Colonial Conde D’Eu”; em 1881, “Núcleo Colonial Bocaiúva”; em 1887, “Lauro Müller”. E, por fim em 1888, “Núcleo Colonial de Santa Cruz”.
Pouco tempo após o fim do Império, o território do núcleo colonial desmembrou-se e foi elevado a categoria de vila pela Lei Estadual nº 23, de11/9/1891, com a denominação de “Vila Guaraná”.
Epônimo este que era uma homenagem ao engenheiro e jornalista, Aristides Armínio Guaraná. General do Exército Brasileiro, veterano da Guerra do Paraguai (1865-1870) e deputado provincial (1880-1881, 1882-1883). Apelidado de “General Guaraná” e “Engenheiro Guaraná”. “Equivoca-se quem atribui o topônimo ao nome dado a erva medicinal amazônica, cultivada pelos índios Maués” (J W. Emery Carvalho, “Topônimos e Epônimos Capixabas”, pág. 20).
No entanto, a homenagem ao General Guaraná não durou seis meses, porque adveio o Decreto Estadual de 1/3/1892 que cessou a honraria e elevou a vila à categoria de município: “Município de Pau Gigante”. Por fim, em 1943, “Município de Ibiraçu”.
IBITIRAMA
Nos idos de 1820, a então “Fazenda Santa Marta” pertencia ao município de Alegre. No limiar do século XX, este lugarejo passou a ser conhecido como “Patrimônio de Santa Bárbara”. E, com o crescimento populacional, em 1905, era conhecido como “Povoado de Santa Bárbara do Caparaó”.
Até que, com a edição da Lei Estadual nº 1.093, 5/1/1917, o povoado passou a ser sede do recém criado “Distrito de Caparaó”. O qual teve sua toponímia altera para “Distrito de Ibitirama” com a entrada em vigor do Decreto-Lei nº 15.177, de 31/12/1943.
Finalmente foi elevado à categoria de município mantendo a mesma toponímia, conforme dispôs a Lei Estadual nº 4.161, de 15/9/1988, “Município de Ibitirama”.
A palavra Ibitirama derivada do Tupi ybytyr-am, que significa: “que será monte, ou ainda não é”. Advém de Ybytr, “a altura ou elevação da terra”, “o monte”, “o morro”, “a serra”. E de am, que é o mesmo que rama, e o seu uso coloca o item no futuro, no sentido de que algo ainda não é, ou o será (Carvalho, pág. 43 e Sampaio, pág. 246). Portanto, o significado de Ibitirama é de “que será monte, ou o que ainda não é” (Fermino, pág. 810).
Até a próxima.
Conheça a origem toponímica de outros municípios capixabas em: https://euamomeubairro.com.br/category/coluna-direito-e-historia-por-gilber-rubim-rangel/