Em sua origem, como se chamavam: Anchieta, Apiacá e Aracruz?

Foto: Divulgação Prefeitura Municipal de Aracruz

Da Série: Origem e Evolução dos nomes dos municípios Capixabas – Parte 3

Continuando a nossa série sobre a evolução administrativa/toponímica dos municípios capixabas, apresento a origem e a evolução da denominação de mais três municípios, totalizando até o momento, nove das unidades administrativas do pequeno grande Estado do Espírito Santo.

ANCHIETA – “Apóstolo do Brasil

A atual “Capital Estadual do Turismo Religioso”, assim declarada pela Lei Estadual nº 10.442, de 30/11/2015 e “Capital Estadual da Moqueca Capixaba e dos Frutos do Mar”, conforme Lei Estadual nº 11.418, de 7/10/2021, menos de trinta anos depois da chegada do donatário Vasco Fernandes Coutinho, em 1535, já existia e se chamava “Aldeia de Iriritiba ou Rerigtiba”.

Retrato do Padre José de Anchieta
Obra de Benedito Calixto, 1902
Acervo do Museu Paulista

Passados quase duzentos anos desde sua provável fundação, em 1561, foi elevada à categoria de vila pelo Alvará Real de 01/01/1755, denominada de “Vila de Benevente”, passando a ser a terceira vila oficializada por diploma legal no Estado do Espírito Santo. As duas primeiras foram: Vitória (1545) e Guarapari (1679). A elevação à categoria de cidade ocorreu quando da edição da Lei Provincial nº 6, de 12/8/1887. E, a categoria de município, em 30/12/1921, conforme Lei Estadual nº. 1.307, tornando-se o “Município de Anchieta”.

O epônimo municipal homenageia o padre jesuíta espanhol, nascido em Tenerife, nas Ilhas Canárias, “José de ANCHIETA” [1534-1597], que viveu boa parte de sua vida na vila de Reritiba (atual Anchieta). Tendo ele ingressado na Companhia de Jesus bem jovem e estudado em Portugal. Veio para o Brasil na expedição do segundo Governador-Geral [1523-1558] DUARTE DA COSTA Casemiro [1502-1560], com a missão de catequizar os indígenas.

Atualmente, o santo jesuíta, beatificado [1980] e canonizado [2014], é chamado de “Apóstolo do Brasil”.

APIACÁ“onde existe um cadinho de terra”

Bandeira do munucípio de Apiacá

No alvorecer do século vinte, o “Povoado de Antônio Caetano” pertencia ao município de Mimoso do Sul, à época, denominado de São Pedro de Itabapoana. Com o crescimento da corrente migratória para aquele lugarejo, lá pelos idos de 1911, conforme a divisão administrativa do Estado do Espírito Santo, o povoado foi elevado à categoria de distrito e teve a denominação alterada para “Distrito de Boa Vista”.

Posteriormente, com a edição do Decreto-Lei nº 15.177, de 31/12/1943 seu nome novamente foi alterado, passando a se chamar “Distrito de Apiacá”.

Finalmente, com a publicação da Lei Estadual nº 1.405, de 26/8/1958, seu território foi desmembrado de Mimoso do Sul e elevado à categoria de “Município de Apiacá”.

Há várias versões para o topônimo municipal Apiacá: as primeiras, de que a palavra derivada do Tupi apyá caá significa: (a) “homem do mato” (Carvalho, pág. 6); (b) “a floresta do Índio mau”, de apyá, contração de apyabaíba, “o índio mau”, “o índio selvagem” e caá, “o mato”, “a floresta” (Duarte, pág. 17); (c) “mata marcada” ou “floresta manchada“ (Duarte, pág. 18); ou que Apiacá se refere (d) a um tipo de marimbondo [ou vespa] muito comum em toda a extensão do vale do ribeirão e que atazanava a vida dos primeiros fazendeiros que se aventuraram a derrubar as matas de suas margens (Teixeira, pág. 26 e Duarte, pág. 18); ou que (e) era o nome de uma tribo de índios da região, do ramo Puri-coroado, ou simplesmente puri (Teixeira, pág. 26); E que também é uma (f) gramínea originária da Ásia, muito comum no interior do Espírito Santo, à época, conhecida como biurá, capiá, piá ou apiá, e popularmente chamada de “conta de milagres” (Duarte, pg. 18)

Fonte:

CARVALHO, J. W. Emery de. Topônimos e Epônimos capixabas. Cadernos de História nº 28. Editora Instituto Histórico. Vitória-ES.1999.

TEIXEIRA, Pedro. APIACÁ – A história de um povo e sua terra capixaba. 1ª Ed. Gráfica e Editora Bom Jesus. Apiacá-ES. 2001.

DUARTE, S. M. O Incalistrado – Topônimos Capixabas de Origem Tupi. 2008.

ARACRUZ“Urbe amada”

Bandeira do município de Aracruz

Um dos primeiros locais habitados pelos jesuitas, por volta de 1556, na costa do Estado do Espírito Santo deu-se no “Núcleo de Aldeia Nova”, no imenso município de Vitória.

Local este que, aproximadamente no ano de 1760, quando pertencia ao município de Nova Almeida, atual Fundão, passou a ser denominado de “Povoado de Aldeia Velha”. Sua elevação à categoria de freguesia adveio com a edição da Lei Provincial nº. 5, de 16/12/1837, sendo nomeado “Freguesia de Nossa Senhora da Penha de Aldeia Velha”.

O desmembramento do seu território e elevação à categoria de vila, a 10ª criada no Estado, deu-se por intermédio da Lei Provincial nº 2, de 3/4/1848. Ocasião que passou a se chamar “Vila de Santa Cruz”. Com este mesmo nome foi elevada à categoria de “Cidade de Santa Cruz”, conforme Decreto Estadual nº 19, de 18/3/1891.

De acordo com o Decreto-Lei nº. 15.177, de 31/12/1943 teve a denominação alterada para “Município de Aracruz”, com sede na localidade de Aracruz. No entanto, em decorrência da Resolução Municipal nº 01, de 7/10/1948 a sede do município foi transferida para a localidade de Sauaçu, retornado ao seu local original menos de dez anos depois, quando da edição da Lei Estadual nº. 779, de 29/12/1953.

O topónimo municipal Aracruz deriva do Tupi, que significa: “Santa da Cruz”.

Até a próxima.

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